quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Concurso da Esperança.

A vida, sem a esperança, perde o colorido e as suas elevadas motivações, porque é a esperança que concede forças para enfrentar os desafios e vencer as vicissitudes que surgem a cada passo.



Ninguém consegue viver com alegria sem o concurso da esperança.



Esperança de melhores dias.




Esperança de realizações superiores.



Esperança de paz.



Esperança de fé.



Esperança de amor.



FELIZ ANO NOVO!

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

A História de Papai Noel

Quando Virginia O’Hanlon, uma menina de 8 anos de Nova York, mandou uma carta endereçada ao jornal The Sun em 1897, ela fez uma pergunta muito simples: “por favor me digam a verdade; o Papai Noel existe?”. Seu pai sugeriu que ela mandasse uma carta para o jornal, pois seus amiguinhos haviam dito que o Papai Noel não existia.


No que deve ter sido uma surpresa para ela, a pergunta foi respondida com muita franqueza. O escritor do artigo, Francis Pharcellus Church, criticou os amiguinhos de Virginia e a era de ceticismo em que viviam e deu sua resposta sincera: “sim, Virginia, o Papai Noel existe”.

Não esqueça de escrever sua carta com os pedidos pro Papai Noel.
© iStockphoto.com /YanLev
Não esqueça de escrever sua carta com os pedidos pro Papai Noel.

Hoje, crianças do mundo inteiro ainda fazem a mesma pergunta de Virginia. Então quem exatamente é esse tal de Papai Noel, e por que ele causa tanto ceticismo entre meninos e meninas? Ele é algum tipo de figura mágica? Como uma pessoa pode causar tanta excitação, dúvida e até mesmo preocupação?


Esse tal de Papai Noel parece fazer bastante segredo sobre suas operações. Ao lado da Mamãe Noel, duendes e uma certa rena com um nariz vermelho brilhante, o Papai Noel é conhecido por morar no Polo Norte, uma façanha impressionante já que lá a temperatura quase nunca fica acima do congelante.


Como o Polo Norte não é o lugar mais hospitaleiro para as pessoas visitarem, seria difícil para a maioria das pessoas agüentar o clima cruel e terreno complicado apenas para ver o Papai Noel.

Pode ser que ninguém nunca saiba exatamente como bom velhinho trabalha, mas nós do ComoTudoFunciona temos o que pensamos ser as explicações mais lógicas para como ele realiza tudo o que faz: ciência e tecnologia.


Desobediente ou comportado?


O Papai Noel é uma das figuras mais populares e reconhecíveis da Terra. Ele já foi representado em dezenas de programas de
Natal, do filme de 1947 “Milagre na Rua 34” até o especial de TV “Rodolfo, a Rena do Nariz Vermelho”, e filmes mais novos como “Um Duende em Nova York”, de 2003. Muitos países têm nomes diferentes para ele – Santa Claus nos Estados Unidos, Father Christmas no Reino Unido, Père Noël na França, Babbo Natale na Itália e Sinterklaas na Holanda, onde ele é associado às comemorações do Dia de São Nicolau, em 6 de dezembro.
Se você se comportar durante o ano, o Papai Noel vai deixar seus presentes embaixo da árvore.
© iStockphoto.com /Quavondo

Se você se comportar durante o ano, o Papai Noel vai deixar seus presentes embaixo da árvore.



Você pode chamá-lo de São Nicolau ou Papai Noel, mas o homem representa a mesma coisa para quase todo mundo que celebra o Natal e a temporada de festas – ele é conhecido como uma alma benevolente, doador de presentes e um promotor do espírito de Natal.


De acordo com o
folclore do Natal, a maior preocupação do Papai Noel é fazer brinquedos e distribuí-los de maneira pontual e organizada para crianças de todo o mundo. Isso rendeu a ele um bom número de seguidores. Afinal, crianças gostam de brinquedos, e o Papai Noel dá brinquedos de graça – portanto, as crianças gostam do Papai Noel.


Ele não apenas distribui brinquedos, mas o faz com estilo também. Ele pilota seu próprio trenó guiado por um grupo de renas, mas não é um trenó qualquer – esse voa, e diz a lenda que ele pode rodar o mundo inteiro em apenas uma noite. Alguns também dizem que o velho Noel não apenas passa pela sua casa e deixa presentes na porta – ele aterrissa no seu telhado, desce pela chaminé e deixa presentes nas suas meias e ao redor da
árvore de Natal.


Mas de onde ele tira todos esses presentes? Certamente ninguém conseguiria comprar ou fazer todas essas mercadorias sozinho. É aí que entram os duendes. É possível que esses pequenos trabalhadores possuam energia e motivação que não se igualam nem aos menores nanorobôs, então o Noel nunca precisaria se preocupar muito em ficar com a produção atrasada.


No entanto, há uma pegadinha em toda essa boa vontade do Papai Noel. Como a maioria sabe, apenas as crianças que se comportaram durante o ano ganham presentes do bom velhinho. Uma grande parte do trabalho dele é vigiar o seu comportamento o ano todo – se você se comportou bem, há uma grande chance de ganhar o que você pediu de Natal. No entanto, se o comportamento foi menos do que satisfatório, você pode ganhar no máximo um punhado de carvão embaixo da sua árvore. Como o Papai Noel faz isso?


Aparência e equipamentos

Na noite de Natal, o Papai Noel é sempre o último a chegar – logo à meia-noite, quando você já está dormindo. Essa é a sua única aparição durante todo o ano, já que ele estaria incrivelmente ocupado organizando listas de desejos e fiscalizado a produção dos duendes.

O que o Papai Noel ouve?

Aqui está o que imaginamos que ele ouça enquanto cruza o céu:

"Santa Baby" - Eartha Kitt
"Santa Claus Is Coming to Town" - Bruce Springsteen
"Have Yourself a Merry Little Christmas" - Judy Garland
"Sleigh Ride" - Ella Fitzgerald
"Skating" - Vince Guaraldi Trio
"Deck the Halls" - John Denver e Os Muppets
"Little Saint Nick" - The Beach Boys
"The Christmas Song (Chestnuts Roasting on an Open Fire)" - Nat King Cole
"Get Behind Me, Santa!" - Sufjan Stevens
"White Christmas" - Bing Crosby
"Baby It's Cold Outside" - Ella Fitzgerald e Louis Jordan
"Christmas Time Is Here" - Vince Guaraldi Trio



Seja representado em filmes ou animações, Hollywood tem uma imagem bem certa do Papai Noel – ele é um homem velho grande e gordo, com
cabelos e barbas bem brancos, e na maioria das vezes está usando sua característica roupa vermelha com um gorro acompanhando. Suas bochechas quase sempre têm uma coloração rosada, e não é porque ele anda bebendo muito.

Como mencionamos antes, o clima é bem frio no Polo Norte, então sua pele fica sensível muito facilmente.


Nossa melhor aposta é que o Papai Noel use muitos equipamentos para entregar os presentes:

  • O trenó – além de ser equipado com renas que voam, o trenó do Papai Noel deve ser uma máquina voadora com uma performance mais rápida e eficiente que qualquer espaçonave usada atualmente pela NASA. O veículo precisaria ser equipado com uma Unidade de Propulsão de Antimatéria especial, que permite que o Papai Noel passe de um telhado para o outro em menos de 24 horas e volte ao Polo Norte em tempo de tirar uma soneca e comer sua ceia de Natal. Para permitir o máximo de conforto durante sua viagem, o trenó do Papai Noel provavelmente também é equipado com um iPod e uma máquina que faz chocolate quente.
O trenó do Papai Noel deve ser muito moderno para dar a volta ao mundo em uma noite.
© iStockphoto.com /Emanuelle Bluet
O trenó do Papai Noel deve ser muito moderno para dar a volta ao mundo em uma noite.
  • A roupa – a roupa vermelha tradicional do Papai Noel provavelmente é mais complexa do que aparenta. Primeiro, precisaria ser de algum material protetor e livre de chumbo, para poder bloquear a radiação do motor do trenó – foguetes antimatéria produzem uma radiação gama perigosa, então é importante que o Papai Noel mantenha-se seguro lá no céu. Segundo, a troupa também precisaria ser costurada com nanotubos de carbono, para permitir que ela encolhesse caso o Papai Noel mude de tamanho.
  • O cinto - para subir e descer de chaminés, o Papai Noel precisaria de um pouco de apoio. Nós deduzimos que ele tenha participado de aulas de escalada, e seu cinto viria com todos os ganchos, presilhas, sinos e apitos para que ele entre e saia da sua sala antes que você tenha a chance de avistá-lo.


Shopping e cartas


Se você estiver passeando pelo shopping em dezembro, pode notar o Papai Noel no meio do salão. Provavelmente vai ter uma fila enorme de crianças esperando por uma chance de falar com o velhinho e dizer a ele o que eles realmente querem de presente de
Natal. Você pode sorrir e acenar, e o Papai Noel vai sorrir e acenar de volta, com sua risada característica “ho, ho, ho!” e você vai continuar passeando.


Um pouco depois, você pode passear pelo seu shopping local, aquele do outro lado da rua. Passando de loja em loja, você pode ver outro Papai Noel, um pouco diferente do primeiro que você acabou de ver. Como isso pode acontecer? O shopping é algum tipo de portal entre universos paralelos? Um deles é o Papai Noel de verdade e o outro é falso? Ou os dois são impostores?
Os papais noéis do shopping ajudam a contabilizar os presentes que você quer de Natal.
© iStockphoto.com /Abejon Photography

Os papais noéis do shopping ajudam a contabilizar os presentes que você quer de Natal.


Primeiro: aqueles velhinhos provavelmente não se consideram “falsos”, e podem não gostar da palavra “impostor”. No máximo, podem chamá-los de “mensageiros”. Como os duendes, nós acreditamos que a explicação mais lógica é que eles sejam uma extensão da Aliança dos Ajudantes de Papai Noel, ou os papais noéis de shopping.


Eles são pessoas como eu e você, mas devem cumprir algumas especificações para continuar seus deveres de Natal. Eles devem ter o mesmo tipo físico que o Papai Noel, ter entre 50 e 60 anos, e usar uma
barba apresentável. Os papais noéis de shopping também devem se formar em uma Escola Noel especial, onde eles aprendem a rir como o Papai Noel, comer como ele e manter uma barba branca igual à dele [fonte: LA Times]. Será que o próprio Papai Noel escreveu o currículo?


O trabalho de um Papai Noel de shopping é simples – ele deve perguntar para as crianças o que elas querem de Natal, saber se elas se comportaram durante o ano, e então mandar um
e-mail detalhado para o Papai Noel. O trabalho deles conta com 33% de todos os pedidos de presentes, fazendo com que eles sejam uma parte importante da equipe do Noel – os outros 67% dos pedidos de Natal são enviados diretamente para o Polo Norte por carta, claro. Quase 100 mil cartas chegam todos os anos no endereço do Papai Noel no Polo Norte.


Por que o Papai Noel precisaria de uma aliança de papais noéis de shopping?

Mesmo que ele consiga percorrer o mundo inteiro em uma noite, ele não poderia estar em vários lugares ao mesmo tempo. Nós teremos que supor que ele não está muito avançado ainda em termos de tecnologia. Por enquanto, ele precisa se virar com uma maneira complexa porém eficiente de coletar informações de pedidos de Natal.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Chegou as Férias!!!

Mas, precisando de atendimento podológico é só ligar e agendar uma consulta.

Existe o perigo da internacionalização da Amazônia?

A internacionalização da Amazônia é um fantasma que vira e mexe volta à mídia. Muitas vezes por palavras de militares das Forças Armadas que têm entre suas preocupações tradicionais as questões de soberania nacional. Outras por declarações como as do então presidente da França, François Mitterrand, que, em 1991, disse que "o Brasil precisa aceitar a soberania relativa sobre a Amazônia". Outras vezes por deputados ou outras instituições que reclamam da presença de organizações não-governamentais internacionais na região.


Na internet, são freqüentes os boatos da existência de um livro didático de geografia norte-americano que separaria a região do resto do Brasil. O livro, na verdade, é uma farsa. Há também um interessante discurso sobre o tema do senador Cristovam Buarque, que inclusive está publicado no seu blog, que volta e meia invade as caixas postais dos internautas. Enfim, a internacionalização parece mais uma dessas teorias da conspiração.

Historicamente, a Amazônia, no entanto, foi uma das partes mais separadas econômica, social e politicamente do resto do Brasil. Seja no Brasil Colônia, seja nos tempos contemporâneos. Só para entender o imbróglio, duas histórias dos interesses internacionais ou do desinteresse nacional com a região.

A correspondência do embaixador inglês no Brasil no início da independência brasileira (1822) mostra que o então regente Feijó pediu ajuda militar inglesa e francesa, através dos seus embaixadores, para acabar como a Cabanagem, revolta separatista ocorrida na região. Já nos tempos de Dom Pedro 2º, o chefe do Observatório Naval de Washington defendeu a tese da livre navegação internacional do rio Amazonas, por causa do seu volume de água “oceânico”.

Desabitada e desconhecida, a região acabou sendo explorada pelo governo brasileiro de maneira mais efetiva apenas no século passado quando
Marechal Rondon, pai da política indigenista brasileira, começou a instalar os telégrafos na parte mais desabitada do país. Depois outros militares, principalmente durante a ditadura militar (1964-1984), decidiram “povoar” a região em nome da soberania nacional, criando as rodovias transamazônica e Belém-Brasília.

Em 1985, durante a transição democrática, foi criado o
Projeto Calha Norte, uma forma de ampliar a segurança na face norte do rio Amazonas a mais desabitada do país e a mais vulnerável.


Ao mesmo tempo, principalmente, nas últimas décadas do século 20 e no século atual, o interesse mundial pela região começou a crescer de uma maneira muito maior que, por exemplo, nos tempos do ciclo da borracha. Afinal, o mundo se deu conta dos perigos da devastação desenfreada da natureza que provoca fenômenos como o
aquecimento global e a maior floresta tropical do mundo começou a ter mais importância.

A
biodiversidade, ainda hoje, em grande parte, desconhecida da região, é alvo dos olhos de cientistas e biopiratas. E as empresas de capital internacional investem principalmente no setor de extração atrás das riquezas da região.

Bom, por essas e por outras, a região é de interesse mundial. Mas e a internacionalização da região é realmente um perigo.

A pan-amazônia

É bom lembrar para que a tal região amazônica não é uma exclusividade brasileira. O Brasil tem a maior parte (cerca de 80%) dos 7 milhões de quilômetros quadrados. O restante fica com a Venezuela, Suriname, Guiana, Guiana Francesa, Equador e Colômbia, formando a pan-amazônia.


O fantasma e a realidade


Internacionalização quer dizer, para os dicionários, tornar-se internacional ou ato de trazer algo sob controle internacional. No aspecto político, o termo pode querer dizer a quebra de uma soberania nacional em determinada região.

A
Constituição brasileira não permite, já no seu primeiro artigo, dizendo que “a República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal...”
Nos acordos internacionais, o princípio absoluto da não intervenção tem parâmetros estabelecidos na ordem global e passa a admitir como exceções a intervenção – inclusive armada – para o (r)estabelecimento de regimes democráticos, a proteção da propriedade privada e a defesa dos direitos humanos. Foram alguns dos argumentos para acontecer a intervenção dos Estados Unidos no Iraque após a queda do ditador Saddam Hussein.

Há, no entanto, um outro tipo de internacionalização que nada mais é do que a forma como o capitalismo se estruturou desde o século passado e que chamamos de
globalização. A grosso modo, é a diminuição das limitações para trocas comerciais entre países. Na prática, é o que vemos em todos os países: empresas multinacionais instaladas e produtos oriundos dos mais diferentes países.


Olhando por esses dois ângulos, podemos dizer que a quebra da soberania brasileira, como teme o exército quando se fala da Amazônia, é praticamente uma fantasia. Não há governo, estadista ou político que fale do assunto com esses viés atualmente.

Do outro lado, a globalização está completamente presente na região. Seja pela presença de diversas multinacionais, principalmente nos setores mineral e madeireiro, seja pela número de institutos de pesquisas e organizações não-governamentais (ONGs) presentes na região.
Aliás, são, principalmente, as ONGs a grande preocupação do Exército que as consideram possíveis criminosos e estariam tomando o lugar do Estado.

Durante uma audiência da
Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, da Câmara dos Deputados, o secretário de Política, Estratégia e Assuntos Internacionais do Ministério da Defesa, general-do-Exército Maynard Marques Santa Rosa, disse que há 100 mil organizações não-governamentais operando na Amazônia brasileira. Para ele, as ONGs visam principalmente a defesa do meio ambiente e dos direitos indígenas, mas, segundo ele, "muitas têm interesses ocultos como tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, tráfico de armas e de pessoas e até mesmo espionagem".


Para muitos pesquisadores, o que há, na verdade, é uma intenção do Exército brasileiro de ir atrás de um novo “inimigo”. Como aponta Andréa Zhouri, do departamento de Sociologia e Antropologia, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), “os ambientalistas passaram a ocupar, juntando-se aos comunistas, o mesmo lugar simbólico e político de “inimigos da nação” no imaginário militar”.


Obviamente, há diversos jogos de interesses conflitantes na região que tem a ver tanto com setores internacionais ou globalizados, como com nacionais e regionais. Enquanto isso, a Amazônia se internacionaliza como praticamente todas as regiões do mundo.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O que tem sido feito para combater a biopirataria?

A biopirataria é facilitada por uma legislação que é excessivamente rígida, ou omissa, como é o caso da Medida Provisória (MP) 2.186, que regulamenta os pontos da Convenção sobre Diversidade Biológica e determina que o acesso aos recursos genéticos depende de autorização da União. Pela MP, os pesquisadores não podem coletar uma folha sequer, sem a autorização do poder público.

Esta MP foi editada depois da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre biopirataria ter sido concluída em 2003, sem determinar precisamente os culpados e o conceito de biopirataria. Por isto, a MP não determina que a exploração ilegal desses recursos é crime, nem estabelece penalidades para os infratores, que acabam sendo punidos, quando muito, como traficantes de animais.

Desde 2003, o Comitê de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN), órgão do Ministério do Meio Ambiente criado pela MP para regular as pesquisas com a biodiversidade discute um projeto de lei definitivo sobre o assunto. A idéia é estabelecer regras para beneficiar as comunidades com o uso comercial de seus conhecimentos e definir a biopirataria como crime, impondo punições. Mas não existe uma agenda para a votação deste projeto de lei pelo Congresso Nacional.

Além da falta de uma legislação no Brasil, existe o conflito de regras internacional, com o tratado TRIPs de um lado, que prevalece sobre a CDB e propõe uma divisão mais justa dos lucros gerados com pesquisa genética. Este conflito de regulamentação, na prática, incentiva as empresas de países ricos a continuar com a biopirataria.

Curiosidades

  • No mercado mundial de medicamentos 30% dos remédios são de origem vegetal e 10% de origem animal;

  • Estima-se que 25 mil espécies de plantas sejam usadas para a produção de medicamentos;

  • A falta de fiscalização e controle das espécies nativas abre as portas para a biopirataria e dá ao Brasil um prejuízo diário de US$ 16 milhões;

  • O tráfico de animais silvestres movimenta aproximadamente 2 bilhões de dólares por ano no Brasil
    Tráfico de animais
  • Só 10% dos 38 milhões de animais capturados ilegalmente por ano no Brasil, chegam a ser comercializados, os 90% restantes morrem por más condições de transporte;
  • Uma arara-azul pode chegar a valer US$ 60 mil no mercado internacional;
  • A internet é um dos meios mais utilizados para a venda ilegal de animais silvestres;
  • A pena para os traficantes é de seis meses a um ano de prisão, além de multas de até R$ 5,5 mil por exemplar apreendido.

Propriedade intelectual x conhecimentos tradicionais

De acordo com a Organização Mundial de Propriedade Intelectual (Ompi), o conceito de propriedade intelectual é uma expressão genérica para garantir a inventores ou responsáveis por qualquer produção do intelecto, nos domínios industrial, científico, literário e artístico, o direito de receber, pelo menos por um determinado período de tempo, recompensa pela própria criação.

Segundo definição da Ompi, constituem propriedade intelectual as invenções, obras literárias e artísticas, símbolos, nomes, imagens, desenhos e modelos utilizados pelo comércio.

Por enquanto, os conhecimentos tradicionais ainda não têm propriedade intelectual.

Portanto, ficam de fora da legislação e normas de Direito Autoral. O que significa que os conhecimentos tradicionais ainda não possuem uma definição no atual sistema de proteção da propriedade intelectual.

Isto é objeto de discussão entre juristas, comunidades locais e organizações mundiais de proteção da propriedade intelectual a adequação desse tema ao sistema patentário atual. A OMPI trata conhecimentos tradicionais como um novo tema a se definir e instituiu um comitê para esta tarefa.

Enquanto esta questão não se resolve, empresas e instituições de pesquisas exploram plantas, animais e os conhecimentos de comunidades tradicionais sem levar em consideração o que dispõe a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) da ONU. A partir disso, elas elaboram novos produtos e passam a deter, por meio de patentes, toda a renda da comercialização.

Um exemplo disso é o cupuaçu, planta amazônica da mesma família do cacau, um alimento tradicional indígena. Seu nome foi patenteado em 1998 por empresa japonesa. Em 2004, o registro da palavra foi cancelado no Japão por pressão de organizações não-governamentais amazônicas, mas ainda está sendo contestado na Europa e nos Estados Unidos. Para os ambientalistas, o combate à biopirataria só será efetivo quando a Convenção sobre Diversidade Biológica, que continua sem a assinatura dos Estados Unidos e de outros países detentores de grande número de patentes, entrar em vigor. Veja alguns casos de briga de patentes de espécies brasileiras.

Espécies brasileiras patenteadas por empresas estrangeiras
Açaí
Ou juçara é o fruto da palmeira Euterpe oleracea da região amazônica que teve seu nome registrado no Japão, em 2003, como marca de propriedade da empresa K.K. Eyela Corporation. Por causa de pressão de organizações não-governamentais da Amazônia, o governo japonês cancelou esta patente.
Andiroba
A árvore (Carapa guianensis) é de grande porte, comum nas várzeas da Amazônia. O óleo e extrato de seus frutos foram registrados pela empresa francesa Yves Roches, no Japão, França, União Européia e Estados Unidos, em 1999, e pela empresa japonesa Masaru Morita, em 1999.
Copaíba
A copaíba (Copaifera sp) é uma árvore da região amazônica. Teve sua patente registrada pela empresa francesa Technico-flor, em 1993, e no ano seguinte na Organização Mundial de Propriedade Intelectual. A empresa norte-americana Aveda tem uma patente de Copaíba, registrada em 1999.
Cupuaçu
Fruto da árvore (Theobroma Grandiflorum), que pertence à mesma família do cacaueiro. Existem várias patentes sobre a extração do óleo da semente do cupuaçu e a produção do chocolate da fruta. Quase todas as patentes registradas pela empresa Asahi Foods, do Japão, entre 2001 e 2002. A empresa inglesa de cosméticos “Body Shop” também tem uma patente do cupuaçu, registrada em 1998. O proprietário da Asahi Foods, Nagasawa Makoto é ao mesmo tempo titular da empresa americana "Cupuacu International Inc", que possui outra patente mundial sobre a semente do Cupuaçu.
Espinheira Santa
A espinheira santa (Maytenus ilicifolia) é nativa de muitas partes da América do Sul e sudeste do Brasil. A empresa japonesa Nippon Mektron detém uma patente de um remédio que se utiliza do extrato da espinheira santa, desde 1996.
Jaborandi
Planta (Pilocarpus pennatifolius) só encontrada no Brasil, o jaborandi tem sua patente registrada pela indústria farmacêutica alemã Merk, em 1991.
Veneno da jararaca
A jararaca (Bothrops jararaca) é uma espécie nativa de cobra da Mata Atlântica. O laboratório Squibb usou uma pesquisa que havia sido desenvolvida no Brasil e patenteou a droga Captopril, contra hipertensão, nos anos 70.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Como funciona a biopirataria

O conceito de biopirataria foi lançado em 1992, com a assinatura da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), da Organização das Nações Unidas. Neste tratado, que circulou pela Rio-92, foi estabelecido que os países têm soberania sobre a biodiversidade de seus territórios.

A palavra se popularizou e espalhou-se como uma mensagem de alerta. sobre os perigos que passam o conhecimento tradicional das comunidades dos que vivem em áreas de rica biodiversidade e os recursos biológicos apropriados indevidamente e patenteados por empresas multinacionais e instituições cientificas. Tais comunidades, que geraram estes conhecimentos sobre o uso da biodiversidade ao longo dos séculos, são lesadas pela biopirataria porque não participam dos lucros produzidos com seus conhecimentos pelas multinacionais.

Estas empresas ou instituições passam a ter controle exclusivo sobre o conhecimento e os recursos sem autorização desses grupos ou do país de onde foram extraídos.

Apenas doze países em todo o mundo são considerados megabiodiversos, ou seja, possuem 70% de todas as espécies de vertebrados, insetos e plantas pesquisadas pelo mundo. Cinco deles estão na América Latina.

O Brasil lidera o ranking dos megabiodiversos. Estima-se que seja o país que tem a maior biodiversidade do planeta com cerca de 150 mil espécies já pesquisadas e catalogadas ou 13% de todas as espécies de flora e fauna que existem no mundo. Ainda faltam identificar 90% deste potencial. A Amazônia abriga a maior parte desses recursos, com mais de duas mil e quinhentas espécies de árvores, liderando ainda o “ranking” de peixes de água doce do planeta, de acordo com pesquisa feita pela Universidade de Campinas (Unicamp), coordenada pelo ecologista Thomas Lewinsohn. O pesquisador estima um total de espécies entre 1,4 milhão e 2,4 milhões.

Mas a abundância de vida na Amazônia e no Brasil em geral é também um ponto vulnerável, porque a grande maioria dessas espécies ainda não foram reconhecidas pelos pesquisadores locais. O que as torna presas fáceis para laboratórios, empresas e instituições de pesquisas internacionais virem, pesquisarem e se apropriarem deste conhecimento, por meio de patentes que são pedidas no mercado internacional.


O fenômeno já aconteceu com várias espécies nativas e a única maneira de deter seu avanço é investir muito em pesquisa, catalogação de espécies e também em biotecnologia e no desenvolvimento de uma indústria farmacêutica brasileira forte, capaz de ser uma usina de patentes de drogas e princípios ativos tirados da mata e dos conhecimentos tradicionais de índios e outros povos da floresta. Só desta maneira será possível barrar os danos causados pela biopirataria ao Brasil.

Na Comissão Parlamentar de Inquérito da Biopirataria, em 2003, foi feita uma estimativa de que o país perde por ano, mais de US$ 5,7 bilhões, com o tráfico ilegal de animais de sua fauna e de conhecimentos tradicionais e remédios das suas florestas. Cálculos feitos há três anos pelo Instituto Brasileiro de Recursos Naturais Renováveis (Ibama) indicavam que o Brasil já tinha um prejuízo diário da ordem de US$ 16 milhões por conta da biopirataria internacional, que leva as matérias-primas e produtos brasileiros para o exterior e os patenteia em seus países sedes. O que impede as empresas brasileiras de vendê-los lá fora e as obriga a pagar royalties para importá-los em forma de produtos acabados.

O mercado mundial de medicamentos feitos de plantas alcança valores de US$ 400 bilhões por ano, sendo que 40% dos remédios vêm direta ou indiretamente de fontes naturais. Esta CPI também apurou que cerca de 20 mil extratos de plantas nativas indispensáveis à fabricação de remédios saem ilegalmente do Brasil por ano e que institutos estrangeiros de pesquisas, em parceria com organizações não-governamentais ambientalistas, colhem diariamente até 45 amostras sem qualquer
controle ou autorização do governo brasileiro.

Na prática, não há como proibir que pessoas e empresas patenteiem recursos biológicos e conhecimentos tradicionais a respeito da fauna e da flora dos lugares. Mas existem normas que, regidas por leis internacionais, deveriam ser seguidas, como aquela estabelecida na CDB que orienta a repartição dos lucros gerados pela utilização de técnicas tradicionais e de recursos naturais por meio do pagamento de royalties às comunidades ou aos países de onde foram apropriados, o que na maioria das vezes não acontece.

Tráfico de animais

Segundo pesquisa da Organização das Nações Unidas, o tráfico de animais é a terceira maior atividade ilícita no mundo, depois apenas do tráfico de drogas e armas. Estima-se que este mercado movimente algo em torno de U$ 20 bilhões por ano. Dos animais silvestres comercializados no Brasil, estima-se que 30% sejam exportados.

O principal fluxo de comércio ilegal nacional dirige-se da região Nordeste para a região Sudeste, principalmente o eixo Rio - São Paulo. Grande parte da fauna silvestre é contrabandeada diretamente para países vizinhos, através das fronteiras fluviais e secas. Destes países fronteiriços seguem para países do primeiro mundo e seus laboratórios de pesquisa, onde são analisados como potenciais detentores de recursos que podem ser usados pela indústria farmacêutica.

História de biopirataria

A linha entre biopirataria e desenvolvimento de tecnologia é tênue. Mas o que caracteriza a biopirataria é a apropiação indébita. A legislação que existe hoje é muito burocrática, o que prejudica as atividades de pesquisa e acaba deixando-as sem a devida regulamentação. Mas o fato é que muitos historiadores datam a biopirataria no Brasil logo após a "descoberta" do país pelos portugueses, em 1500.

Os colonizadores tiraram vantagem da ingenuidade dos índios e descobriram como extrair o pigmento vermelho do Pau-Brasil (Caesalpinia echinata). A árvore quase sumiu das matas brasileiras. Chegou perto da extinção para ir tingir tecidos que embarcavam para a Europa e faziam fortunas de portugueses, que trocaram o conhecimento dos nativos por pequenos espelhos, facas e armas de fogo, em um tipo de relação comercial muito desigual chamada de escambo.

Outro caso de biopirataria que abalou fortemente o Brasil foi o contrabando de sementes da árvore de seringueira em 1876, pelo inglês Henry Wickham. Essas sementes foram levadas para a Malásia. Após algumas décadas, aquele país passou a ser o principal exportador de látex mundial.
O norte do Brasil tinha sua riqueza inteiramente produzida pela borracha extraída do látex. Com a ascensão da Malásia e outros países asiáticos, esta afluência acabou no País. Atualmente os países asiáticos Camboja, Indonésia, Malásia, Myanmar, Filipinas, Tailândia e Vietnã são os maiores produtores do mundo. A produção total de borracha natural no mundo em 2000 foi de 6,7 milhões de toneladas, das quais 4,8 milhões produzidas por aqueles países. Apenas 149 mil toneladas foram extraídas pela América Latina no mesmo ano.

Mas, a biopirataria é global. Commodities que têm a cara do Brasil e das quais o país é um dos maiores produtores mundiais, como o café e a soja, não são nativas. No século 17, os colonizadores portugueses trouxeram o café da Etiópia. Da China, em meados do século 20, foi trazida a soja. Itens importantíssimos para as exportações brasileiras hoje.

De qualquer modo, com a tentativa de mudar essa conduta e regularizar a situação, é importante perceber que o Brasil tem as quatro importantes biomas na rota da biopirataria, atualmente: Amazônia, Mata Atlântica, Pantanal e Caatinga.

Patentes e o desenvolvimento da biotecnologia

O Brasil é o quarto mercado do mundo em vendas unitárias de medicamentos, de acordo com Lauro Moretto, diretor executivo em técnicas regulatórias da Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica (Febrafarma). No mercado mundial de medicamentos 30% dos remédios são de origem vegetal e 10% de origem animal. “A biodiversidade do Brasil certamente é fonte de farta riqueza para o país se houver bastante pesquisa”, analisa Moretto e diz que o Brasil desenvolveu produtos biotecnológicos de ponta, como as vacinas e soros do Instituto Butantã, em que, segundo ele, o país é precursor.

Moretto tem uma visão diferente sobre a biopirataria. Ele afirma que, nem sempre, a prática é nociva ao conhecimento humano e à sociedade, que acaba se beneficiando como um todo. “O Brasil se beneficiou de descobertas e conhecimentos produzidos por laboratórios estrangeiros para combater o câncer e a Aids. Doença na qual somos referência no combate, por causa da quebra de patentes autorizada pelo governo”.

Para Moretto, o mundo é um só. “Economicamente é importante ter descobertas, mas ainda somos um país em desenvolvimento por isso é muito difícil fazer pesquisa no Brasil. Para a ciência e o conhecimento, não há fronteiras”. Ele acredita que em um período de duas décadas, o Brasil será uma potência em termos de conhecimentos de biotecnologia aplicada. “Teremos grandes e gratas surpresas”.

Nos casos de conhecimento de ponta em biotecnologia, Moretto cita o exemplo da descoberta do médico pesquisador Sergio Ferreira, do Departamento de Farmacologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, ligada à Universidade de São Paulo (USP). Nos anos 1960, este pesquisador conseguiu isolar agentes no veneno da jararaca que estimulavam a vasodilatação. Publicou os resultados de sua pesquisa, que eram de domínio público. O laboratório norte-americano usou a pesquisa como base para desenvolver um medicamento chamado Captopril, para tratar derrames e problemas cardíacos. Patenteou a droga e ganha cerca de U$ 5 bilhões por ano com a venda desse medicamento. Sergio Ferreira nunca recebeu um centavo pela sua pesquisa, mas Moretto também não acredita que este tenha sido um caso de biopirataria. “O laboratório tinha condições para investir e transformar a pesquisa pura em conhecimento aplicado. Isto é o que falta às nossas instituições de pesquisa aqui no Brasil”.

Nos casos de plantas e princípios ativos tirados da biodiversidade brasileira para virarem drogas e patentes no exterior que rendem milhões de dólares aos laboratórios estrangeiros que os patentearam o rol é imenso. Em muitos casos, os biopiratas se infiltram em comunidades tradicionais para pesquisar os hábitos e depois, levar aquelas plantas, extratos, ou produtos de origem animal para o laboratório, onde os princípios ativos são pesquisados, isolados e descobre-se um modo de produzi-lo em escala.

É o caso do jaborandi (Pilocarpus microphyllus), planta nativa da Amazônia brasileira, utilizada por tribos indígenas no preparo de chás diuréticos e expectorantes. Hoje, o laboratório Merck detém a patente sobre o isolamento de substâncias da planta. Desde o início da década de 90, a multinacional farmacêutica é dona de um terreno de 2.250 hectares no Maranhão, voltado para o cultivo de jaborandi, planta cujo princípio ativo, a pilocarpina, é utilizada em tratamentos de calvície e no controle do glaucoma. Existem outros 20 registros de patente no mundo com princípios ativos do jaborandi.

O laboratório Merck alega que sua patente sobre o jaborandi não pode ser classificada como fruto de biopirataria, pois o conhecimento na obtenção de seu princípio ativo teria passado a domínio público antes da instituição da legislação brasileira que regulamenta o acesso ao patrimônio genético, que desde 2001 prevê a necessidade de autorizações.

Carlos Alexandre Geyer, diretor presidente da Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais (Alanac), conta que, “quando uma empresa farmacêutica acessa o conhecimento tradicional de comunidades no uso das plantas, ela economiza anos de pesquisa na busca por princípios ativos e sua aplicação. Se o trabalho for feito dentro da lei, os lucros originados das pesquisas são divididos com a comunidade detentora do conhecimento. Como não vemos nenhuma dessas comunidades participando dos enormes lucros da indústria farmacêutica, fica óbvio que, na maioria das vezes, os caminhos corretos estão ignorados”.

Geyer tem estimativas de que os laboratórios chegam a ter custos 50% menores de desenvolvimento de produtos para transformar conhecimento tradicional em conhecimento científico e depois em produtos. “Sem descobertas nacionais, seremos sempre um País periférico", diz Carlos Geyer e reforça que 95% dos medicamentos fitoterápicos consumidos no Brasil são de plantas de origem estrangeira. “Precisamos investir pesado na cadeia produtiva brasileira de fitoterápicos para reverter este quadro”.

O Aché é maior laboratório brasileiro e já investiu US$ 10 milhões em busca de novos remédios gerados a partir de plantas. Esse tipo de droga está na moda, sobretudo na Europa. Só na Alemanha, 40% de todos os medicamentos prescritos são fitoterápicos. O Aché tem uma briga com a empresa japonesa Nippon Mektron por causa da patente do princípio ativo da espinheira-santa.

Em 1990, um estudo da ação antiúlcera gástrica da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia) feita por grupo de pesquisa brasileiro mereceu uma publicação da Ceme (Central de Medicamentos) do Ministério da Saúde. O material foi divulgado pelo Journal of Ethnofarmacology e despertou o interesse dos japoneses, que saíram na frente e depositaram uma patente com a planta brasileira. A empresa japonesa Nippon Mektron detém uma patente de um remédio que se utiliza do extrato da espinheira santa (EP 776666).

"A parceria é a melhor saída tanto para as universidades como para os laboratórios", constata Lauro Moretto. Em sua opinião, o financiamento da iniciativa privada é o caminho para viabilizar as pesquisas, além de ser uma alternativa mais econômica para as empresas. Ele afirma que o Brasil tem potencial gigantesco de biodiversidade e dentro de uns 20 anos, com o esforço que tem sido feito pelo governo, instituições de pesquisas nacionais e os laboratórios, o País deve ser tornar um líder em inovação biotecnológica.



Como funciona o FPS - Fator de Proteção Solar


sunscreen woman
Fotógrafo: Spanishalex |
Agência: Dreamstime

Você vai poder tomar sol por
12 horas com um protetor
solar de FPS 70?

Nesse verão, protetores solares com FPS 70 chegam ao mercado. As pessoas de pele clara do mundo inteiro podem se sentir tentadas a aceitar isso como um convite para passar uma boa quantidade de protetor, pular na cadeira de praia e cozinhar por 12 horas sem sofrer queimaduras. Quanto maior o número, melhor a proteção, certo? No entanto, antes de esquecer de vez a precaução, você precisa saber algumas coisas sobre o FPS. O que é isso exatamente? O que os números significam e até que limite podem chegar?

Usamos o protetor solar para impedir que a luz ultravioleta cause danos à pele. Existem duas categorias de luz UV, a UVA e a UVB, que são levadas em consideração quando falamos sobre o protetor solar. A UVB provoca queimaduras solares e a UVA tem efeitos mais em longo prazo sobre a pele, como o envelhecimento precoce. Os índices de FPS, ou fator de proteção solar, foram apresentados em 1962 para medir o efeito de um protetor solar contra os raios UVB.

Para determinar o FPS de um protetor, cientistas reuniram 20 pessoas com sensibilidade ao sol e mediram a quantidade de raios UV necessária para que elas ficassem vermelhas sem usar o protetor solar. Depois, refizeram o teste com o uso do protetor solar. O número "com protetor solar" é dividido pelo "sem protetor solar", e o resultado é arredondado para baixo dentro dos cinco números mais próximos. Esse é o FPS.

Os índices de FPS começam no 2 e recentemente chegaram ao 70. Para descobrir por quanto tempo você pode tomar sol

Quantidade de minutos até a pele ficar vermelha sem o protetor solar x o índice de FPS =

tempo máximo de exposição ao sol

Por exemplo, se a pele fica vermelha depois de 10 minutos de exposição, um FPS 15 irá permitir que você tome sol por até 150 minutos sem se queimar. Antes de pegar sua calculadora e ir para a praia, você precisa, porém, saber que essa equação nem sempre é exata. As pessoas costumam usar uma quantidade bem menor de protetor solar do que a usada nos testes. No mundo real, o típico amante de sol usa metade da quantidade de protetor solar utilizada em laboratório, o que pode resultar em uma queimadura na metade do tempo.

Absorção de UVB

Então, agora sabemos que um índide de FPS mais alto significa mais tempo de exposição solar. Ele também indica o nível de absorção de UVB, mas esse número não aumenta de maneira exponencial, o que pode ser confuso. Por exemplo, um FPS 15 absorve 93,3% dos raios UVB, mas um FPS 30 absorve 96,7%. O FPS dobrou, mas o índice de absorção aumentou apenas 3,4%.

sunscreen kid
Fotógrafo: Photoeuphoria | Agência: Dreamstime
Evite a queimadura solar reaplicando o protetor de duas em duas horas

Por causa da confusão sobre a absorção de UVB, a FDA (Food and Drug Administration) sugeriu um limite para os índices de FPS. Qualquer protetor solar com FPS maior que 30 seria um "30+". O índice 30 foi escolhido como o limite porque acima dele a porcentagem de UVB absorvido e proteção total da pele aumenta apenas um pouco, mas as pessoas podem entender, erroneamente, que esses índices mais altos de FPS apresentam um nível de proteção bem maior, ou até mesmo pensar que garantem uma proteção que duraria o dia inteiro.

FPS % de UV absorvido
2 50
4
70
8
87,5
15
93,3
30
96,7
50
98

Por mais que a FDA estivesse tentando ajudar, o limite não foi aplicado: duas empresas de cosméticos dos Estados Unidos lançaram recentemente protetores solares com FPS 70. Com esse número, uma pessoa que costuma se queimar em 10 minutos pode desfrutar de 700 minutos, quase 12 horas, tomando sol.

­Bem, não exatamente. Sabemos que a maioria das pessoas aplica somente metade da quantidade de protetor solar necessária. Além disso, apesar das marcas de resistência à água e ao suor, a eficácia de todos os protetores solares diminui quando são expostos a essas substâncias. Se você não aplicar a quantidade certa de protetor e não reaplicá-lo depois de entrar em contato com a água, uma exposição de 12 horas pode causar uma queimadura bem grave.

Proteja-se

A questão principal é que um protetor solar contra os raios UVB, mas a partir do FPS 30 a proteção não aumenta muito, e o número mais alto pode oferecer uma falsa sensação de proteção. Em vez de deixar o FPS ser seu único guia para proteção solar, evite uma queimadura seguindo algumas regras simples em relação ao protetor.

sunburn neck
zulema011, SXC
Se não reaplicar o protetor, você pode acabar com uma queimadura solar assim. E isso dói.

1. Conheça-se: se você é mais branco do que uma folha de papel, se sua tia tem câncer de pele ou se você tem sensibilidade ao sol por causa de um remédio ou uma doença, tome precauções extras. Fique na sombra o máximo possível, use um chapéu, aplique um protetor solar com ampla proteção e um FPS alto e reaplique-o freqüentemente.

2. Aumente a proteção: o índice de FPS indica apenas a proteção contra os raios UVB. Muitos protetores solares, até mesmo aqueles com um FPS alto, permitem que os raios UVA sejam absorvidos pela pele. A proteção UVA geralmente fica indicada na embalagem dos protetores. Procure por essa informação para garantir uma melhor proteção contra o sol.

3. Lá vem o sol: para ser eficaz, o protetor precisa ser completamente absorvido pela pele; então, aplique-o de 15 a 30 minutos antes de tomar sol.

4. Reaplique: se estiver deitado ao lado de uma piscina ou até cortando a grama, você provavelmente estará exposto ao suor ou à água, os verdadeiros inimigos do protetor solar. Para se proteger, reaplique o protetor depois de nadar ou transpirar.

5. Exposição total: não importa o FPS, o protetor solar só pode proteger as áreas em que foi aplicado. Os lugares mais esquecidos são as têmporas, as orelhas, a nuca e o peito do pé. Se algumas vezes você esquece determinadas áreas enquanto aplica o protetor, tente um dos protetores com corantes que desaparecem com o tempo; assim, você pode identificar os lugares esquecidos antes que eles sejam queimados pelo sol.

Para obter mais informações sobre o números de FPS e protetores solares, confira os links na próxima página.

Nova proteção contra os raios UVA

Os altos índices de FPS em alguns protetores solares novos podem não ser tão úteis, mas a proteção que oferecem contra os raios UVA será. A pele absorve os raios UVA do sol, das câmaras de bronzeamento artificial e de lâmpadas ultravioleta. Esses raios não irão causar uma queimadura, mas eles podem provocar um dano a longo prazo na pele. Você deve sempre usar um protetor solar com proteção UVA e UVB para garantir proteção contra esses dois raios.


Fonte: http://saude.hsw.uol.com.br/spf.htm em 19/12/2010.