quinta-feira, 22 de abril de 2010

Programa atende pais de dependentes de drogas


Um novo programa da Universidade Federal de São Paulo oferece atendimento separado para pais e para dependentes. As reuniões ajudam na orientação de como agir para ajudar jovens envolvidos com drogas.

Dependente de drogas aos treze anos de idade. “Comecei a fumar com maconha, depois fui para a cocaína, daí fui usando todos os tipos de drogas que apareciam”.

O depoimento de Maximiliano Siqueira, que foi ao ar na novela Viver a Vida é de superação. “Eu decidi fazer psicologia. Quando eu me formei, decidi me especializar em dependência química e em terapia familiar”.

Hoje ele trabalha no ambulatório da Universidade Federal de São Paulo que trata dependentes químicos. Um grupo de psicólogos desenvolve há um ano um programa que atende não só o dependente, mas também a família. Uma vez por semana, os terapeutas conversam com os pais e com os jovens em reuniões separadas.

“Como foi a semana?”
“A semana foi bem melhor que as outras. Tem acordado no horário, respeitado o compromisso”.

Um pai procurou o tratamento antes do filho. O jovem de 19 anos usa drogas há quatro. A tentativa de controlar o rapaz não funcionou. Agora o pai passou a mostrar claramente quais são os limites.

“Ele não queria mudar até algum tempo atrás. Agora ele está vendo que o negócio vai começar a ficar pesado pra ele, se ele não tomar atitude mais drástica”.

As famílias passaram a ser acompanhadas depois que os terapeutas notaram que dentro de casa o ambiente não ajudava. Brigas, conflitos, desentendimentos.

Pais que tentavam controlar ou que não faziam cobranças, prejudicavam o trabalho. Para alguns jovens era preciso dar liberdade e para outros impor limites.

Depois que recebeu orientação, outro pai conseguiu que o filho parasse de usar drogas. “Horário pra chegar, amizades que podem ou não podem continuar, estudo é a sua prioridade de vida”.

Segundo os terapeutas, quando os pais descobrem que os filhos são dependentes químicos, cometem alguns erros como:

Ligar demais para eles, sem deixar claro o que de fato é a obrigação.

Acreditar tanto, que não desconfiam das histórias contadas.

Há casos de pais que encontram a droga na bolsa do filho e a devolve depois que o jovem conta que aquilo era de um amigo.

Há também pais que, mesmo sabendo da dependência, continuam dando dinheiro sem cobrar explicações.

“Atitudes como dar o carro o filho. E fala olha te dou o carro para parar de usar drogas”, diz Cristina Renner, psicóloga da Unifesp.

Os especialistas dizem que antes de tomar qualquer decisão o ideal é procurar ajuda.

“Ter um lugar onde os pais possam tirar as duvidas, colocar suas angústias e se instrumentalizar pra de fato conseguir ajudar o adolescente”, declara Denise de Micheli, coordenadora de atendimento adolescestes - Unifesp.

O programa de orientação a pais e adolescentes da Unifesp é gratuito e há vagas. O telefone para agendamento é (11) 5549-2500.

Veja algumas mudanças de comportamento relacionadas, possivelmente, ao uso de drogas:

* Falta de motivação para estudar ou trabalhar;
* Mudanças bruscas de comportamento;
* Troca do dia pela noite;
* Inquietação, Irritabilidade, ansiedade, cacoetes;
* Perda de interesse pelas atividades rotineiras;
* Insônia;
* Olhos avermelhados, olheiras;
* Necessidade cada vez maior de dinheiro. Desaparecimento de objetos de valor ou dinheiro, pertences de valor de dentro de casa ou de amigos e parentes;
* Há alterações súbitas de humor, uma intensa euforia, alternada com choro ou depressão;
* Há perda de sono ou apetite, insônia, intercalada com períodos de sono demorado, troca do dia pela noite;
* Começa a se relacionar com amigos diferentes;
* Fica mais descuidado com a higiene pessoal;
* Muda o vocabulário, usando termos mais pesados;
* Tem atitudes de culpa e reparação: agride os pais, chora, se tranca no quarto;
* Passa noites fora de casa.

Fonte: Cruz Azul