Pacientes com problemas respiratórios podem dar os primeiros suspiros de alívio. Cientistas nos EUA criaram um pulmão artificial que "respira". Mais importante ainda, ele foi transplantado com sucesso para ratos.
O feito, descrito na revista científica "Nature Medicine", abre caminho para a geração de pulmões humanos transplantáveis no futuro.
Harald Ott/Divulgação
Estrutura básica do pulmão artificial, sem células originais e ainda sem receber as novas células que o fazem 'respirar'
Harald Ott e sua equipe, da Escola Médica de Harvard, estenderam para o pulmão um método utilizado anteriormente na criação de coração e fígado artificiais.
Primeiro, um pulmão de rato morto foi usado para estabelecer a estrutura física do órgão, uma espécie de "esqueleto". Os cientistas removeram células pulmonares com um detergente, deixando apenas a rede de canais de ventilação e vasos.
Em seguida, a equipe adicionou à estrutura células epiteliais (que revestem órgãos) e endoteliais (que revestem vasos). As células, oriundas do pulmão de fetos, povoaram totalmente o pulmão após cinco dias.
Para averiguar se o órgão conseguiria executar sua função essencial -troca de gases entre sangue e ar-, os pesquisadores injetaram células vermelhas no pulmão e o ventilaram com oxigênio.
Editoria de Arte/Folhapress
Não houve diferenças na capacidade de troca gasosa entre o pulmão artificial e um pulmão recém-extraído de ratos, sugerindo que o órgão poderia desempenhar suas funções fora do corpo.
Por fim, o grupo transplantou o órgão para ratos a fim de avaliar seu funcionamento. Os bichos receberam só o pulmão esquerdo. O nível de troca gasosa deles foi comparado ao de ratos cujo pulmão esquerdo foi retirado.
O experimento mostrou que as trocas eram maiores no primeiro grupo, indicando que o pulmão artificial estava funcionando melhor do que se não houvesse nenhum pulmão (do lado esquerdo dos animais).
No entanto, o pulmão artificial funcionou por apenas seis horas. "Poderíamos estender a longevidade do órgão deixando-o maturar por mais tempo", diz Ott.
Pode parecer pouco para quem precisa de transplantes, mas os primeiros testes com corações artificiais também começaram com um grau parecido de sucesso.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ciencia em 14/07/2010.