segunda-feira, 18 de julho de 2011

Autonomia no ambiente de trabalho é conceito com diferentes significados

Empregados com autonomia – que se sentem livres para fazer escolhas no ambiente de trabalho – são mais satisfeitos e produtivos. Porém, não existe uma definição universal do que seria autonomia. Isto significa que o que em algumas culturas é interpretado como liberdade de decisão, em outras pode significar mera desorganização.

Esta é uma das conclusões publicadas no livro Human Autonomy in Cross-Cultural Context: Perspectives on the Psychology of Agency, Freedom and Well-Being (“Autonomia Humana em Contexto Multicultural: Perspectivas sobre a Psicologia da Agência, Liberdade e Bem-Estar”), de autoria de Marylène Gagné e Devasheesh Bhave, da Universidade de Concordia.

“Ter autonomia é importante em qualquer cultura”, diz Gagné. “A percepção da autonomia tem um efeito positivo nos trabalhadores. No entanto, os gerentes não podem simplesmente adotar métodos norte-americanos em qualquer lugar e esperar que eles funcionem. Mesmo no Canadá, a abordagem utilizada para dar mais autonomia aos empregados precisa ser constantemente repensada na medida em que o país se torna mais multicultural. As pessoas não reagem da mesma maneira às iniciativas da gerência como no passado”.

Autonomia pode ter vários significados

A palavra autonomia pode ter definições diferentes. As organizações podem permitir que seus funcionários decidam a hora que entram e saem, que escolham como ou de onde irão trabalhar ou mesmo permitir que trabalhem em casa. Não importa como a autonomia é definida, quando as pessoas sentem que têm liberdade, os resultados são impressionantes. Benefícios potenciais incluem mais comprometimento, melhor desempenho e aumento da produtividade.

“Principalmente em trabalhos que demandam criatividade ou complexidade, a autonomia permite que os funcionários produzam melhor”, diz. “Em trabalho de rotina, a autonomia não gera muito impacto na produtividade, mas pode ainda aumentar a satisfação, que tem consequências positivas. Quando a gerência toma decisões no que diz respeito à organização, eles deveriam sempre pensar nesta questão, em como a autonomia afetará seus empregados”.

Paradoxalmente, alguns funcionários tolhem a autonomia de seus empregados ao monitorar computadores ou mesmo as ligações no ambiente de trabalho. Segundo Gagné, é por isso que quadrinhos como Dilbert são tão populares. “Eles tocam em um assunto sensível a muitos, porque são o reflexo do ambiente de trabalho de muitas pessoas”.

Faltam pesquisas sobre modelos de gestão em outras culturas

Com o local de trabalho em constante evolução e globalização, as pesquisas sobre o significado multicultural da autonomia se tornam cada vez mais importantes. Até pouco tempo, a maioria das pesquisas sobre gestão era realizada na América do Norte. Como resultado, as chefias de outros países não encontravam bases teóricas para desenvolver técnicas funcionais em seu próprio contexto cultural.

Neste sentido, Gagné está agora estudando o comportamento de liderança em vários países, incluindo China e Itália.

“Estamos tentando identificar como o comportamento da gestão afeta a motivação dos funcionários e se o mesmo comportamento em diferentes países tem o mesmo efeito. Às vezes sim. Por exemplo, em algumas culturas, os chefes pedem a opinião de subordinados, porque isso faz que pareçam vulneráveis. Neste caso, os gerentes devem buscar outra forma de estimular a autonomia entre seus empregados. Não existe uma receita simples”, conclui.
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Fonte: Concordia University em 13/07/2011.