Como impedir que as crianças tenham acesso cada vez mais precoce a bebidas alcoólicas?
Uma ampla pesquisa realizada por um centro de recuperação em dependentes de drogas, em São Paulo, tenta responder a essa pergunta e revela um dado alarmante: o envolvimento de crianças com as bebidas alcoólicas começa muito cedo. A pesquisa mostra que quase 10% dos jovens tiveram o primeiro contato com o álcool antes mesmo dos 7 anos de idade.
Outro dado do estudo (feito com pacientes do Centro de Recuperação Nova Esperança/Cerene) chamou a atenção dos pesquisadores: foram os próprios pais quem deram o primeiro gole aos filhos durante festas frequentadas pela família ou apenas por pai e filho homem.
O mesmo estudo revela que, na maioria dos casos, o jovem que consome bebidas alcoólicas nessa idade tem pais alcoólatras, e o hábito pode se tornar a porta de entrada para o mundo das drogas.
A partir desse primeiro contato, a situação tende a se agravar: 6,38% das crianças com menos de 10 anos confirmaram já ter experimentado outras drogas, como cola de sapateiro, maconha e crack.
Nessa idade, algumas delas também já estão em tratamento nas clínicas de apoio a dependentes químicos. Na década de 1980, para se ter um parâmetro, o contato inicial com o álcool era, em média, aos 14 anos. Além disso, cerca de 20% dos participantes de reuniões dos Alcoólicos Anônimos são jovens com menos de 17 anos de idade.
Outra instituição, o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), fez um levantamento domiciliar sobre o uso de entorpecentes no País e descobriu que 19,4% dos jovens já usaram drogas, o que corresponde a mais de 9 milhões de pessoas em todo o Brasil.
O estudo mostrou ainda que 11,2% da população brasileira é dependente de álcool; 9%, de tabaco; e 1%, de maconha. Esse contato cada vez mais prematuro com álcool e drogas é visto pelos especialistas da área como uma das explicações para a explosão de violência entre os jovens brasileiros, o que requer medidas de controle e prevenção enérgicas e urgentes por parte dos órgãos responsáveis.
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Fonte: Associação Brasileira de Estudos de Álcool e Drogas (Abead), em 02/03/2011.