Um estudo publicado no periódico Psychological Science afirma que crianças de até 3 anos preferem dividir, mesmo em situações em que seria mais fácil tirar vantagem.
A pesquisa foi inspirada em outro trabalho feito com modelos animais, no qual ficou claro que a cooperação entre os primatas, geralmente, é falha.
“Outra pesquisa, que utilizou chimpanzés como modelos animais, observou que eles geralmente competem por comida, o que os impede de trabalhar em equipe, mesmo que esta seja a única chance de se ganhar uma recompensa”, afirma Felix Warneken da Universidade de Harvard, coautor do trabalho.
“Isso nos fez pensar se isso também aconteceria entre as crianças”. Karoline Lohse, da Universidade de Gotinga, e Alicia Melis e Michael Tomasello, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária, na Alemanha, também participaram da pesquisa.
Crianças pequenas foram o foco da pesquisa atual
Neste caso, os pesquisadores queriam observar como as crianças pequenas se comportavam ao terem que dividir, especialmente em situações onde elas deveriam trabalhar por um objetivo em comum. Eles dividiram as crianças em duplas e pediram que elas completassem tarefas nas quais deveriam cooperar para conseguir um prêmio.
O prêmio – balas de goma, chicletes e brinquedos – estava empilhado em uma tábua com rodinhas dentro de uma caixa transparente, presa por uma corda. Se apenas uma das crianças puxasse a corda, a tábua não se mexia, mas se puxassem juntas, poderiam trazer a caixa para si e dividir o que havia dentro, por meio de uma janela na caixa. Em algumas caixas havia apenas uma janela, mas, mesmo assim, as crianças dividiam os prêmios em partes iguais. Cada dupla foi testada várias vezes.
“Nós ficamos surpresos que essa regra tenha sido seguida à risca”, diz Warneken. “Mesmo quando alguma criança pegava mais doces do que a outra, alguém sempre protestava dizendo que aquilo não era justo”.
Segundo o pesquisador, este estudo ajuda a explicar como os acordos de benefício mútuo evoluem. “Parece uma coisa óbvia: se cooperarmos, nós dois seremos beneficiados. Mas, na verdade, até mesmo para uma raça tão próxima aos seres humanos, como os chimpanzés, isso não é tão óbvio assim”.
Para Warneken, talvez o que falte para os chimpanzés – e que os seres humanos têm em abundância – é a capacidade de conviver com os outros.
-
Fonte: Psychological Science 02/03/11.