quarta-feira, 5 de junho de 2013

Filme "Somos Tão Jovens" faz licenças poéticas sobre Renato Russo


De IURI DE CASTRO TÔRRES DE SÃO PAULO

Mais de um milhão de pessoas já se apaixonaram pela amizade entre Aninha e Renato Russo no filme "Somos Tão Jovens", mas nem todas sabem que Aninha não existiu --existiram a Susie, a Ana Cristina, a Helena, a Cássia...

A personagem, interpretada pela atriz Laila Zaid, é a junção de várias garotas importantes da vida do líder da Legião Urbana.
"Susie era a melhor amiga do Renato na época do colégio, eram apaixonados um pelo outro", lembra Carmem Teresa Manfredini, irmão do músico, sobre a chinesa Ma Chia Hsien, filha de diplomatas.
Editoria de Arte/Folhapress
Manfredini lembra, inclusive, que Renato e Susie namoraram. "Eles faziam tudo juntos, tinham uma intimidade cultural, iam a balés etc."
Quem também desfrutava da intimidade de Renato na época do Marista, escola do então garoto, era Ana Cristina Pinto-Bailey, hoje professora de literatura latino-americana na universidade Washington & Lee, nos EUA. Ela lembra que costumava acampar com Renato, além de ir a bares e, é claro, a shows de rock.
Helena Lemos, irmã mais nova de Fê e Flávio, do Aborto Elétrico, ganhou de presente um mapa astral feito por Renato. "Nós dois conversávamos sobre outros assuntos além de punk, por isso ele gostava de mim", diz a bibliotecária que mora em Los Angeles.
"Aninha é uma amálgama de várias pessoas importantes para Renato, alguém que pudesse viver as descobertas com ele", diz o roteirista Marcos Bernstein.
"AINDA É CEDO"
Uma das cenas mais emocionantes de "Somos Tão Jovens" é quando Renato, interpretado com vigor por Thiago Mendonça, canta "Ainda É Cedo" como um pedido de desculpas para Aninha. Mas não foi bem assim a história.
"Já ouvi dizer que era sobre a cocaína, não sobre alguma menina", afirma Manfredini. "A única pessoa que pode responder isso com propriedade é o próprio Renato", brinca Marcelo Bonfá, ex-baterista da Legião.
"Pelo que eu saiba, a música foi feita para uma ex-namorada do Ico Ouro-Preto [ex-guitarrista da Legião]", diz Philippe Seabra, vocalista da Plebe Rude, outro destaque do rock de Brasília.
Uma cena polêmica do longa de Antonio Carlos da Fontoura mostra Seabra e outros amigos jogando moedas no palco de Renato na fase Trovador Solitário. "Isso aconteceu mesmo", diz. "Mas era tudo uma grande brincadeira, pois o som não agradava."
Seabra, consultor do filme, ainda lembra outro episódio mostrado de forma um pouco diferente da realidade: o famoso show na Festa do Milho de Patos de Minas.
"A Legião não cantou 'Que País É Este', mas 'Música Urbana 2', com letra tão pesada quanto", diz, cantarolando os versos "os PMs armados e as tropas de choque vomitam música urbana".
Também ficou de fora a ida da Legião e da Plebe para a delegacia para esclarecimentos após o show. "Ficamos quase duas horas detidos."
De todas as licenças poéticas do filme, Bonfá lembra a principal: "O som do filme parece uma orquestra sinfônica perto da realidade", brinca. "Era uma zona, todos os instrumentos ligados em um amplificador que parecia um cinzeiro [risos]."

Fonte: ww1.folha.uol.com.br/ilustrada