terça-feira, 20 de outubro de 2009

Novo molusco no Brasil


Identificado pela primeira vez no país hospedeiro potencial do verme da esquistossomose
Encontrado na Amazônia e no Mato Grosso, o caramujo Biomphalaria cousini havia sido confundido com um molusco da espécie B. amazonica (foto: Tatiana Maria Teodoro).

Uma espécie de molusco, com registros anteriores somente no Equador, acaba de ser encontrada no Brasil. A Biomphalaria cousini foi identificada na Amazônia e em Mato Grosso por pesquisadores do Centro de Pesquisas René Rachou, a Fiocruz de Minas Gerais.

Os caramujos do gênero Biomphalaria são hospedeiros intermediários do Schistosoma mansoni, o parasita causador da esquistossomose. O registro da nova espécie no Brasil foi realizado pela bióloga Tatiana Maria Teodoro durante seu mestrado na Fiocruz/Minas, orientado por Roberta Lima Caldeira. Desde a iniciação científica, Teodoro estuda o gênero Biomphalaria.

A motivação para realizar o mestrado veio de resultados inconclusivos de seu grupo de pesquisa, que havia encontrado três diferentes perfis moleculares para a espécie Biomphalaria amazonica. Por meio da identificação morfológica e de técnicas moleculares, Teodoro observou que alguns caramujos identificados como B. amazonica eram, na realidade, da espécie B. cousini. ”Nós pensávamos que as diferenças encontradas anteriormente deviam-se à variação intraespecífica, mas, na verdade, um dos perfis pertencia a outra espécie, nunca antes encontrada no Brasil”, explica Teodoro.

O passo seguinte da pesquisa foi a infecção experimental dos moluscos com uma cepa de Schistosoma mansoni, que mostrou que a nova espécie brasileira é suscetível ao parasita. “Ela pode ser considerada um hospedeiro em potencial do S. mansoni, apesar de nunca ter sido encontrada infectada na natureza”, conta Teodoro.

A esquistossomose é uma doença endêmica em algumas áreas do Brasil, considerada um grave problema de saúde pública. Teodoro ressalta que o encontro de mais uma espécie de molusco do gênero Biomphalaria no país aponta a necessidade de mais estudos. “A possibilidade da introdução da esquistossomose em novas áreas não pode ser descartada”, alerta. Tatiane Leal
Agosto/2009 - Ciência Hoje/RJ