sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Prêmio Nobel da Paz da União Europeia vem em meio a crise

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS, em 12/10/2012.
 
O Prêmio Nobel recebido pela União Europeia nesta sexta-feira vem em meio à crise econômica que põe em risco a estabilidade política na região, principal motivo pelo qual a honraria foi concedida.
 
A decisão foi informada pelo Comitê do Nobel da Noruega, considerando os esforços pela reconciliação dos países da Europa nos últimos 60 anos. Para o grupo, a organização de 27 países conseguiu alcançar a paz e a promoção dos direitos humanos em duas ocasiões.
 
Attila Kisbenedek/AFP
Bandeira da União Europeia na frente do Parlamento de Budapeste, na Hungria; bloco ganha Prêmio Nobel da Paz
Bandeira da União Europeia na frente do Parlamento de Budapeste, na Hungria; bloco ganha
Prêmio Nobel da Paz
 
A primeira é a união obtida após o fim da 2ª Guerra Mundial (1939-1945), em que a Europa se dividiu entre aliados, comandados pelos Estados Unidos, e o eixo, liderado pela Alemanha governada por Adolf Hitler.
 
Outro momento considerado foi a reunificação depois da decadência do comunismo, com a queda do Muro de Berlim (1989) e o fim da União Soviética (1991).
 
"A União Europeia e as instituições que a precederam em sua formação contribuíram durante mais de seis décadas para a paz e a reconciliação, a democracia e os direitos humanos", disse o presidente do Comitê Nobel, Thorbjoern Jagland.
 
CRISE
 
A União Europeia recebe o Prêmio Nobel da Paz em meio à crise financeira pela que passa o continente desde 2010, atingindo especialmente Espanha, Grécia, Portugal, Irlanda e Itália.
 
O aumento da dívida pública nos países gerou a diminuição da atividade econômica e altos índices de desemprego no continente. Na Espanha e na Grécia, mais de 25% da população economicamente ativa não possui trabalho.
 
A frágil situação financeira provocou protestos em diversos países devido às medidas de austeridade impostas pelas autoridades centrais da União Europeia. Isso ajudou a aumentar o sentimento anti-europeu e o risco de fragmentação da zona.
 
A crise também aumentou a pressão sobre os imigrantes e a população mais pobre. Além dos fatores econômicos, os europeus ainda passam pelo aumento de ideologias nacionalistas, como a volta do nazismo, principal estopim para a 2ª Guerra Mundial.
 
A situação é observada com mais força na Alemanha e Grécia, onde um partido de extrema direita, o Aurora Dourada, ganhou 6% das cadeiras do Parlamento na última eleição, em junho.
 
Nesses países, os estrangeiros, em especial islâmicos e judeus, sofrem com ataques de grupos locais e leis contrárias aos preceitos das religiões, como a proibição do véu muçulmano na França.
 
A pressão sobre as populações de imigrantes provocaram tensão, como os enfrentamentos contra a polícia nas periferias das cidades francesas e os ataques aos estrangeiros em Atenas, na Grécia.
 
ENTREGA
 
A entrega do Prêmio Nobel às autoridades europeias acontecerá em 10 de dezembro, data que lembra a morte de Alfred Nobel, idealizador do prêmio, em Oslo, na Noruega.
 
No mesmo dia, serão entregues as premiações para os vencedores das outras categorias em Estocolmo, na Suécia.
 
A entidade já divulgou os ganhadores nas categorias medicina, física, química e literatura e terminará na próxima segunda (15) com o anúncio do vencedor no quesito economia.
 
Criada em 1957 por seis países que assinaram o Tratado de Roma --Alemanha Ocidental, Itália, França, Bélgica e Luxemburgo--, a comunidade europeia se ampliou e chegou aos 27 Estados que a compõem na atualidade.
 
O Reino Unido aderiu ao grupo em 1973. Após saírem de ditaduras, Grécia, Espanha e Portugal entraram no bloco na década de 1980, enquanto antigas repúblicas soviéticas foram incorporadas entre as décadas de 1990 e 2000, compondo os 27 países.
 
PRÊMIOS NOBEL DA PAZ DOS ÚLTIMOS DEZ ANOS
 
2011: Ellen Johnson Sirleaf, Leymah Gbowee (Libéria) e Tawakkul Karman (Iêmen)
2010: Liu Xiabobo (China)
2009: Barack Obama (Estados Unidos)
2008: Martti Ahtisaari (Finlândia)
2007: Al Gore (Estados Unidos)
2006: Muhammad Yunus e o banco Grameen (Bangladesh)
2005: Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)
2004: Wangari Maathai (Quênia)
2003: Shririn Ebadi (Irã)