sábado, 9 de janeiro de 2010

Diálogo: Pais e Filhos - Jovens esperam que os pais coloquem limites e que os ouçam.

Abertura ao diálogo faz com que filhos passem a trazer suas dúvidas.


Foto: Arte G1

Anteriormente, falamos da relação entre pais e filhos e o quanto fica difícil os primeiros perceberem as mudanças dos segundos, estando impossibilitados de validar o crescimento deles.

Também fizemos referência sobre essa relação ser um tanto complicada pelas expectativas que os pais têm sobre sua prole.

Isso se dá principalmente na adolescência. Época complicada para todos. De um lado, há pais temerosos sobre o futuro de seus filhos, com os caminhos que irão seguir; do outro, existem pessoas vivendo uma fase muito especial, em que as dúvidas e os conflitos dão o tom.

Quando se é criança, a sensação é de que tudo está em seu devido lugar. Na adolescência, as coisas parecem entrar em colapso. E o temor também existe sobre o que irá acontecer.

Vários são os conflitos vividos pelos jovens, indo da esfera sexual à profissional, com o agravante de que cada vez mais vão ter que caminhar por si sós e fazer escolhas próprias.

É um momento precioso da vida, quando vários aspectos da personalidade estão se constituindo. O certo é que vai passar. O difícil é o grupo familiar fazer desta uma época o menos bélica possível. Sim, muitos parecem viver em pé de guerra na época da adolescência da prole.

Os pais vivem se queixando da imaturidade de seus filhos, que não fazem nada certo, que parecem no mundo da lua. Os gostos musicais são um horror. As roupas, nem se diga. E os assuntos? Que assuntos? Eles têm cada idéia... Melhor nem ouvir.

E não ouvem mesmo. Distanciam-se deles devido a sua imaturidade. Ora, espera-se que um adolescente seja imaturo mesmo. Ninguém deve achar que eles vão ter sempre atitudes sensatas ou uma conversa sobre economia internacional. São apenas adolescentes que estão crescendo e experimentando várias coisas.

Apesar de não parecer e até dizerem o contrário, eles precisam muito dos pais. Do apoio e da certeza que podem ir por um caminho e, se não der, voltar atrás. Esperam que os pais coloquem limites e que os ouçam – não os considerem tão bobocas.

Eles podem não saber avaliar a situação das enchentes do final do ano. Mas sabem falar de outras coisas. Que mesmo não sendo o assunto mais interessante do mundo para os pais, pode ser uma forma de se aproximarem. Afinal, os pais reclamam tanto de que não há diálogo com eles. Mas como haveria de ter se tudo que os filhos dizem eles não aceitam?

Os filhos, por sua vez, não se interessam pelos assuntos dos pais pela imaturidade natural da idade e também por estarem procurando uma maneira própria de ser que não a de seus pais. Não por não amá-los. Simplesmente para poderem, num processo natural, se separarem deles.

No entanto, se partir dos pais o cultivo da conversa interessando-se pelos assuntos dos filhos, quem sabe aos poucos eles terão condições de conversarem sobre outras coisas. Sem que nessa aproximação os pais não fiquem fazendo pegadinhas e encostando os filhos na parede para discorrerem sobre temas universais ou filosóficos, deixando claro quem sabe mais.

Essa aproximação pela conversa, além de propiciar um clima mais ameno em casa, permite que os filhos passem a trazer inclusive suas dúvidas sobre a vida, dando a chance aos pais de darem sua opinião. Sem correr o risco de serem ridicularizados. E, é claro, podendo aproveitar as boas dicas dos mais velhos.

Texto adaptado/Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular(Ana Cássia Maturano)