domingo, 18 de julho de 2010

Cientistas criam e transplantam pulmão artificial em roedor.

Pacientes com problemas respiratórios podem dar os primeiros suspiros de alívio. Cientistas nos EUA criaram um pulmão artificial que "respira". Mais importante ainda, ele foi transplantado com sucesso para ratos.

O feito, descrito na revista científica "Nature Medicine", abre caminho para a geração de pulmões humanos transplantáveis no futuro.

Harald Ott/Divulgação

Estrutura básica do pulmão artificial, sem células originais e ainda sem receber as novas células que o fazem 'respirar'


Harald Ott e sua equipe, da Escola Médica de Harvard, estenderam para o pulmão um método utilizado anteriormente na criação de coração e fígado artificiais.

Primeiro, um pulmão de rato morto foi usado para estabelecer a estrutura física do órgão, uma espécie de "esqueleto". Os cientistas removeram células pulmonares com um detergente, deixando apenas a rede de canais de ventilação e vasos.

Em seguida, a equipe adicionou à estrutura células epiteliais (que revestem órgãos) e endoteliais (que revestem vasos). As células, oriundas do pulmão de fetos, povoaram totalmente o pulmão após cinco dias.

Para averiguar se o órgão conseguiria executar sua função essencial -troca de gases entre sangue e ar-, os pesquisadores injetaram células vermelhas no pulmão e o ventilaram com oxigênio.

Editoria de Arte/Folhapress

Não houve diferenças na capacidade de troca gasosa entre o pulmão artificial e um pulmão recém-extraído de ratos, sugerindo que o órgão poderia desempenhar suas funções fora do corpo.

Por fim, o grupo transplantou o órgão para ratos a fim de avaliar seu funcionamento. Os bichos receberam só o pulmão esquerdo. O nível de troca gasosa deles foi comparado ao de ratos cujo pulmão esquerdo foi retirado.

O experimento mostrou que as trocas eram maiores no primeiro grupo, indicando que o pulmão artificial estava funcionando melhor do que se não houvesse nenhum pulmão (do lado esquerdo dos animais).

No entanto, o pulmão artificial funcionou por apenas seis horas. "Poderíamos estender a longevidade do órgão deixando-o maturar por mais tempo", diz Ott.

Pode parecer pouco para quem precisa de transplantes, mas os primeiros testes com corações artificiais também começaram com um grau parecido de sucesso.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ciencia em 14/07/2010.